segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

DOR

A Dor. Fiel companheira de todo homem.
Nem sempre vem pelo frio da lâmina, ou pelo mistério da enfermidade.
A Dor é subjetiva, é viva. Dona do tempo e do humor. Controladora de sorriso e acionadora de lágrimas.
Um amor não correspondido, um beijo roubado não devolvido.
A confiança traída, a maçã mordida, a miséria humana despida.
A falta de um abraço em meus braços, abalo.
Balaio congelado pela gélida experiência da decepção.
Um aceno não respondido, anseio destruído.
Dias ensolarados escurecidos pela Dor.
Segundos transformados em horas, sangue em ebulição, palavras fincadas na parede cardíaca.
A ilusão é mais real do que pensamos, tão inevitável quanto a Morte, tão imprevisível quanto a sorte.
Um amigo, parente ou colega. Todos são agentes da destemida monopolizadora de adjetivos pejorativos. Flechas envenenadas e perdidas que são atiradas ao vento do pessimismo, inevitavelmente atingindo um coração desguarnecido.
Dor. Mascarada em sorrisos, disfarçada em apertos de mão, distribuída em desejo de afeto, camuflada em piada.
Dor. Dói mas não mata. Gela, esfria, empalidece, adoece, isola... mas não mata.
Dói o amor. Paradoxo inevitável dos vivos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

TEMPO

Sinto o seu frio pálido e meus pulsos
Gotas de sangue que são derramadas
Cristais de vida que esvaem
Lágrimas de dor que não voltam mais
Caso narciso que ficou para trás
Impressiono-me com tua versatilidade
Guerra perdida, sede insaciada, doença sem convalescença
Como chorar o que não foi?
Como relembrar o que não foi vivido?
Caos em dia ensolarado
Chuva perpétua sem julgamento
Condenação incontestada
Vida não vivida
Perdi. Serei pilhado
Escravo do incompreensível
Tomado pelo invisível
Peço-te apenas que a viagem seja tranqüila
Doce transição à escuridão
Contagem regressiva do que não teve início
Partida sem adeus
Nem beijo
Tampouco alegria
Colonizado por seus minutos, segundos
Tempo inóspito
Seu território foi ampliado.

domingo, 29 de janeiro de 2012

SOU PALAVRAS E RASCUNHOS

Tudo o que sei é que nada sei

Ou sei de tudo o que me faz ser nada

Sou nada por pensar saber tudo?

Infelizmente recaímos no erro de sermos humanos

Queremos tudo saber, saber ser o todo

Esta arrogância aquecida por uma pele de cordeiro

Massa composta por joio apresentada como saboroso pão

Somos perfeitos, lobos togados

Martelamos sentenças alheias despedaçando espelhos em nossas mãos

Quão tragicômico seria o tribunal pessoal

Quem seriam nossas testemunhas de defesa?

Filantropias planejadas obscuramente visando bustos em praças públicas?

Oratórias aplaudidas pelo ego?

Qual o motivo da fuga da caverna?

Seria conhecer a realidade além das sombras ou construir nossa própria realidade?

Respondemos diariamente "tudo bem e você?"

Mas omitimos um "nada está bem, não percebe?!"

Trocamos a umidade da caverna por raios solares hipócritas

Tudo o que sei é que nada sou...

Sou nada para o Sol imutável

Sou nada para a lua complacente

Mas sou algo para mim, sou eu

Milhões de vidas, de experiências

De dores e amores, cortes e cicatrizes

De palavras e rascunhos

Cores e matizes

Sou tudo o que sei

Sei tudo o que sou?


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sábado, 7 de janeiro de 2012

PROMESSAS DE UM NOVO LAR

Certo dia vi na TV uma propaganda imobiliária que me chamou a atenção. O "slogan" enfatizava: "Há um grande passo entre o que o corretor chama de "imóvel" e o que você chama de "lar". Ual!

   Mudei de "imóvel" ontem à noite e logo após jogada a bagunça em um canto fui para uma janta com alguns amigos. Cheguei tarde e cansado. Nem mesmo o olhar desconfiado das paredes ainda não amigas me intimidou e desabei no escorregador onírico chamado sono.

   Quem nunca acordou assustado no meio da madrugada tentando sair pelo lado errado da cama na casa de um amigo não sabe o que é estar perdido! Eu me perdi, e na casa do meu melhor amigo, na minha casa.

   O ronco dos caminhões na rua é assustador, portas batem, pessoas tossem, crianças choram. A primeira noite sempre é de desbravador. Chapéu na cabeça e chicote na mão, Indiana Jones em busca da paz domiciliar ainda não conquistada.

   As horas, relativas como sempre, ficam paralizadas na madrugada como a desafiar a compreensão humana. Sorvo as horas da vigília em pequenos goles misturados com o suor do delírio.

   Emaranhado entre lençol e edredon renasço procurando o Sol, o Norte ou quem sabe meus chinelos. Onde mesmo ficou o espelho? Eu tenho espelho? Examino o relógio agora como quem lê uma notícia ruim e para o meu espanto a hora é mesmo uma péssima notícia. Maldita relatividade que consome os minutos quando estamos atrasados.

   Enquanto me barbeio a água salta furiosamente na chaleira em uma luta ferrenha contra a ebulição. Faço o café. É espuma de barbear ou creme? Lavo o rosto arranhado pela lâmina, a careta é inevitável ao sentir a dor de se cortar. "Nunca mais vou me barbear!" Prometo ao espelho já o subornando com um perdão pela futura promessa não cumprida. A sociedade é implacável contra barbas não feitas.

   Os minutos acabaram, os meus neste novo projeto de lar pelo menos, e saio de encontro ao Astro Rei que exsuda trinta e poucos graus de sua monárquica exuberança. Direita ou esquerda? Droga, onde estou mesmo? Esquerda. Viro a última esquina para chegar no trabalho, com as costas da mão enxugo a primícia do suor diário que escorre da testa. "Nunca mais vou me mudar!". Sorrio para um colega de trabalho e me perdoo por mais esta promessa que não irá se cumprir.


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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

CARLO O. RIBAS

   Lembro-me de acordar assustado numa tarde abafada em União da Vitória-PR. A poltrona reclinável vivia em frangalhos, decorada com remendos e estofamentos fugidios. Hiperbolizada pelo sono, a imagem ainda turva do jovem magro e sorridente em minha frente oscilava entre o sonho e a realidade e meus poucos anos de vida demoraram a perceber que estava alí na frente como uma aparição meu tão admirado e amado irmão Zório (Carlo Ozório Ribas no registro).

   Meu corpo saltou seguindo o coração que voava em sua direção. Não há duvida, meu coração sempre se adiantará quando o assunto for meu grande professor, diretor teatral, produtor musical, dono de circo (isso mesmo que você leu), pastor, professor de seminário, amigo, pai e irmão. Me criei seguindo o Carlo, brincando do que ele brincava, ouvindo o que ele ouvia e falando como ele falava. Mas o tempo o levou para Cascavel e ao sentirmos o espinho da saudades, não lembramos do perfume da rosa do reencontro. Aquela tarde quente foi transformada em paraíso pelo simples fato de rever a pessoa que sempre estivera do meu lado e que na ausência de um pai, supriu toda a proteção necessária para que eu pudesse me tornar o que sou.

   Mais do que pai, um companheiro. As histórias que passamos juntos embelezariam centenas de páginas com sorrisos, gargalhadas, lágrimas, nariz quebrado (o meu é claro), e vida, muita vida com certeza!

   Com seus passos, amado irmão, aprendi o que é música, essa paixão que tenho em meu coração e em meu braço. Vi com meus próprios olhos o que é ser um líder e um intelectual contemporâneo e tentei (e tento) crescer para te mostrar que sonho realmente um dia ser um pouco do que você é.

   Os anos correm e você é um homem consolidado, um exemplo a ser seguido e um icone para muitos. Eu conheço faces desta escadaria que poucos tiveram a oportunidade de enchergar. Desde fazer "mágica" com poucas cédulas para conseguir pagar mais sorvete para os amigos até adentrar o lugar mais inóspito desta terra perdida para visitar uma ovelha que se perdeu demonstram tua garra e fidelidade com os que te cercam.

   Sei que hoje muitas ideias e ideais nossos entram em conflito, e vejo graça nisso, pois somos mentes evoluidas e no fim o amor supera tudo.

   Sei que enquanto eu respirar aprenderei contigo. Estarei, mesmo de cara amarrada e "bicudo" te observando e aprendendo a viver com seus exemplos Carlo.

   Te amo muito meu irmão!

   Do seu irmão Michelzinho, "Lanchinho", "Um Real", Gordinho e birrento, mas seu irmão que te ama, Michel Prieto Ribas. BEIJOS!!!


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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

HOW DO YOU FELL?

Olá meus amigos! Depois de um pequeno recesso volto a tentar "palavrear" alguns pensamentos e sentimentos que já não cabem mais no coração.

   No fim do ano que passou, ouvi muita música com grandes amigos e a banda Stone Sour, do grande Corey Taylor, embalou muitas horas de prazer e diversão. Dentre as várias músicas prediletas que tenho desta banda a Through Glass é a minha preferida (e meu toque do celular, rsrs).

   Nesta música, com sua voz aveludada o Corey destila:"How do you fell? That is the question!" (Como você se sente? Essa é a questão!). Esta frase grudou com Superbond na minha mente e venho repetindo ela o dia todo (até mesmo porque não sei cantar a música toda) e pensando no seu profundo significado.

   Como você se sente? Já parou para se perguntar isso nas mais variadas situações da vida?

   Vivemos em um mundo prémoldado, onde as alegrias são vendidas em "kits" e as tristezas e erros são aquelas apontadas pelos outros e não as acusadas pelo nosso coração e consciência (ual)!

   Digo por mim, quantas vezes fiz o que alegrava meu amigo, familiar, etc, mas não aquilo que me alegrava!

   Como chegamos a este ponto? Desde quando vendemos nossa alma para os padrões da sociedade? Tenho certeza que foi um bom negócio para eles, pois ao pensar nisso me sinto profundamente lesado!

   O Ano Novo começa todos os dias e temos ainda 300 anos novos em 2012 para nos perguntarmos nas mais variadas situações "how do you fell?". Pode ter certeza: "That is the question!" Pense no que você está sentindo e faça somente aquilo que te faz bem, que enche seu rosto ao ponto de explodir em um sorriso, que inunda seu coração ao ponto de transbordar em lágrimas. Isso é viver!

   Abraços vivos!


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sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!

Mais um ano se vai. 365 dias se passaram e nem me lembro de muitos deles, mas outros ficaram bem vivos na memória.

   Em 2012 quero falar menos e ouvir mais. Ler mais e ver menos TV. Fazer mais e planejar menos.

   Agradeço de todo o meu coração à todos vocês que leram meus textos, saibam que cada leitura me incentivou a escrever mais e mais!

   Quero deixar aqui meus sinceros desejos de alegria, paz e sucesso para 2012! Neste mês de dezembro não produzi muito por aqui mas será diferente em 2012 e me esforçarei ao máximo para tentar fazer jus ao pesado, porém hiper gratificante título de escritor, nem que seja iniciante, amador ou até mesmo em processo de construção intelectual.

   Um FELIZ ANO NOVO!!!

   Abracos sinceros, e que venha 2012!!!


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